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Quem são os indigenistas e como o movimento busca a garantia de direitos dos povos no Ceará

Por Lucas Falconery, Diário do Nordeste, em 21 de junho de 2022


Os indigenistas são profissionais - da antropologia, assistência social e do direito, por exemplo - atuantes na execução e fiscalização das ações para essas pessoas. Faz parte da rotina do profissional realizar visitas técnicas a comunidades, acompanhar implantação de projetos nas aldeias, articular políticas públicas junto aos órgãos oficiais, dentre outros.

No Ceará, a principal demanda é pela demarcação de terras, além de educação e saúde específicas para os indígenas. Pelo menos 14 povos estão distribuídos em 18 municípios onde os indigenistas realizam visitas técnicas. Nisso, já foram alcançadas terras e serviços para as comunidades indígenas com apoio desses profissionais.

Por outro lado, também chega a violência devido ao interesse nas terras, o tráfico de drogas e a exploração ilegal de recursos naturais.


Foto: Kid Júnior

Com isso aumentam as atribuições dos profissionais vinculados à Fundação Nacional do Índio (Funai), como era o caso de Bruno Pereira, ou atuantes em outras organizações. Todos almejam a proteção dos indígenas, o acesso às políticas públicas, e o respeito cultural.

É o caso de Gustavo Guerreiro, indigenista há 12 anos, que entende o trabalho abrangendo dimensões culturais, educativas, de proteção e monitoramento territorial, produção agrícola, direitos sociais e serviço de saúde diferenciado para os indígenas, como lista.

Doutor em políticas públicas e pesquisador do Observatório das Nacionalidades, pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Gustavo destaca o interesse por terras indígenas como um desafio histórico.

“Atividades ilícitas de extração mineral, de terras ou de madeira, e, principalmente, o tráfico de drogas, que tem ganhado uma dimensão desproporcional dentro dos territórios indígenas”, completa.

Isso causa uma sensação de insegurança em lideranças indígenas e profissionais, como relata uma indigenista que optou por ter a identidade preservada. Apesar disso, “sucumbir não é uma opção”, como frisa.

“O assassinato do Bruno Pereira é uma chamada de atenção para a sociedade das ameaças que os indigenistas e os povos indígenas sofrem, cotidianamente, em razão do trabalho que desenvolvemos”, pontua.

A militante do Movimento Indígena Maria da Conceição Alves Feitosa, a Ceiça Pitaguary, explica que o papel do indigenista mudou desde à Constituição deixando a função de implementar a política de integração dos povos indígenas.

“Atualmente, o papel do indigenista deve estar pautado no diálogo permanente com os povos indígenas. Seu papel é promover diálogos com base no respeito à diversidade para a construção de políticas públicas efetivas de promoção e de proteção dos direitos indígenas”, acrescenta a militante do Movimento Indígena.

A outra indigenista ouvida pela reportagem destaca a importância dos órgãos de meio ambiente no Ceará de considerar a existência dos povos no território cearense.

“É preciso reconhecer de vez a presença indígena nos territórios e a repercussão dessa presença nos processos de licenciamento ambiental”, frisa. Ela destaca que a maioria dos indígenas estão numa situação de vulnerabilidade pela falta de homologação das terras.

Na pandemia, os povos indígenas passaram por um "cenário desolador", como contextualiza Ceiça, quando houve a necessidade de reaprender a conviver em comunidade com as restrições de encontros.

"Conseguimos enviar para as nossas aldeias no Ceará máscaras, álcool em gel, produtos de higiene pessoal e cestas básicas. A pandemia mostrou o quanto é frágil o braço do Estado para a proteção territorial, já que os próprios indígenas montaram barreiras sanitárias e como a situação de vulnerabilidade para a aquisição de alimentos ainda perdura", finaliza.


Mais informações em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/quem-sao-os-indigenistas-e-como-o-movimento-busca-a-garantia-de-direitos-dos-povos-no-ceara-1.3246390

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