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Foto do escritorGepe Observatório

Povos tradicionais temem avanço do novo coronavírus com retorno de aulas presenciais

Escrito por Rodrigo Rodrigues, Diário do Nordeste, em 14 de julho de 2020


Desde março deste ano, as aulas presenciais estão suspensas no Ceará. Pais, responsáveis e corpo escolar ainda temem um retorno às atividades presenciais, que começou a ser esboçado por um comitê composto por 16 entidades, criado pela Secretaria da Educação (Seduc), em junho. O movimento é considerado precipitado por lideranças indígenas e quilombolas que atuam na educação dos povos tradicionais. Especialistas, por sua vez, acreditam que a realidade de aulas remotas acentuam diferenças.  

Indígenas e Quilombolas já registram casos confirmados e óbitos por conta da Covid-19. Por apresentarem problemas de infraestrutura e dificuldade no acesso a serviços de saúde, uma possível volta às aulas presenciais é encarada como risco de chegada do vírus aos territórios tradicionais.

A rede estadual de escolas indígenas conta com 39 unidades, em 16 municípios, atendendo um total de 7.602 alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio Regular, além da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), conforme a Seduc. Outras seis escolas são da rede municipal, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará. 

Itamar Tremembé, professor de História Tremembé e Matemática da Escola Estadual Indígena Rosa Suzana da Rocha, em Itarema, uma das cidades que concentram maior número de casos confirmados da Covid-19 entre os povos indígenas, também acredita que não é o momento para a volta presencial. “Quando a gente começou a ser infectado, pedimos para tratar primeiro da pandemia e depois da escola. Ainda assim, temos três professoras e um funcionário infectados. A grande maioria das escolas não reúnem condições higiênicas para retornar às aulas”, avalia.

Escola indígena Ita-Ara, da etnia Pitaguary, Pacatuba. Foto: Madson Pitaguary.

Por conta da pandemia, o professor e liderança explica que as atividades presenciais na instituição estão suspensas desde 17 de março e que não há “internet suficiente nas casas de todos os alunos”. A solução encontrada foi entregar as atividades em cada residência. “Temos cerca de 130 alunos na escola, que fica dentro da terra indígena (no Córrego João Pereira)”, explica o professor.

Já na Escola Indígena Ita-Ara, em Pacatuba, as atividades presenciais foram canceladas em 18 de março. “Nos mobilizamos para enfrentar o período inicial tendo como princípio a entrega de atividades para a primeira semana”, explica o professor indígena do 6º ano, Madson Pitaguary. “Fizemos um balanço de quantos alunos tinham acesso à internet e como era esse acesso. Chegamos a conclusão de que 85% têm o acesso de alguma forma e que daria para executar as aulas para as turmas do Fundamental II, Médio e EJAs”.


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