Escrito por Rodrigo Rodrigues, Diário do Nordeste, em 24 de julho de 2020
Os números do novo coronavírus entre os povos indígenas no Ceará estão longe de mostrar um horizonte de tranquilidade. Segundo a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, a taxa de incidência no Estado é de 1.427,7 por 100 mil habitantes, segunda maior da região Nordeste, atrás apenas da observada no Maranhão - 3.011,7. A média do País é 1.594 indígenas infectados para cada 100 mil habitantes.
No Ceará, outro dado preocupa: a taxa de reprodução da doença, que indica quantas pessoas podem ser infectadas a partir de um único caso, é de 1.19, o que revela que novos indígenas seguem sendo contaminados. Para ter ideia, a taxa de reprodução observada no Estado, entre indígenas e não indígenas, é de 0,64, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará.
Aldeia indígena dos Pitaguary, na Grande Fortaleza. Segundo a Fepoince, municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, além de Itarema, concentram o maior número de casos de Covid-19 na população indígena. Foto: Madson Pitaguary
Ceará
Segundo a Sesai, o Estado já se aproxima dos 400 casos (399) confirmados da doença entre indígenas - sendo 46 infectados atualmente. Além disso, foram pelo menos cinco óbitos por conta do novo coronavírus. Já conforme a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), são oito óbitos e mais de 430 infectados. Esta diferença se dá porque o levantamento da entidade considera o número de indígenas aldeados e não aldeados.
Além disso, o Ceará registrava, até a noite desta quinta-feira (23), um total de 57 pessoas com quadro suspeito para a doença, conforme a Sesai.
São considerados casos suspeitos:
Quando o indígena apresenta algum sintoma respiratório, saiu da aldeia e retornou nos últimos 14 dias de um local com transmissão ativa da Covid-19;
Quando o indígena apresenta sintomas respiratórios e não saiu da aldeia, mas teve contato com um caso suspeito ou confirmado da doença nos últimos 14 dias.
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