Cada indígena cearense recebeu menos de R$ 0,05 por dia da Funai durante a pandemia
- Gepe Observatório
- 24 de jul. de 2020
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Escrito por Diário do Nordeste, Redação, em 03 de julho de 2020
Durante a pandemia de Covid-19, a Fundação Nacional do Índio (Funai) destinou R$ 136.670,37 para ações voltadas aos povos indígenas do Ceará, por meio da Coordenação Regional Nordeste II, localizada em Fortaleza. O valor representa um investimento inferior a R$ 0,05 diários por indígena, no período de 15 de março, quando, oficialmente, começou a transmissão do novo coronavírus no Estado, até 22 de junho, data que marcou os 100 dias corridos após o primeiro caso confirmado da doença.
Neste cenário, proporcionalmente, cada um dos 35.757 indígenas cearenses, segundo a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, recebeu apenas R$ 3,82 nos 100 dias do período oficial da pandemia no Estado. Isso significa que a cada 24 horas, o investimento foi de aproximadamente R$ 0,04 em ações da Funai, por pessoa. O recurso foi utilizado, segundo a Fundação Nacional, para distribuição de cestas de alimentos e kits de higiene.
Índios Anacé. Foto: Iago Barreto.
No âmbito nacional, a Funai destinou, entre 26 de fevereiro, início oficial da transmissão no Brasil, e 22 de junho, cerca de R$ 29,85 por indígena para atividades de combate à Covid-19. Segundo a Sesai, em todo o País, são 760.350 pessoas que se autodeclaram como indígenas, em 6.238 aldeias espalhadas pelo Brasil. Dessa forma, a média de investimento per capto é R$ 0,24 por dia, 80% superior à média do valor destinado aos indígenas cearenses.
Na avaliação de Weibe Tapeba, assessor jurídico da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince), o valor é insuficiente para suprir a demanda.
“O que sabemos é que a Funai aplicou um recurso para compra de kits de alimentos e de higiene pessoal, mas, destinados mais à Grande Fortaleza e aos Tremembé, no Litoral. Inicialmente, o interior ficou descoberto e só passou a ser contemplado agora por meio das entregas de cestas de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com a Funai”, destaca Weibe. Conforme ele, a situação ainda é mais preocupante pela subnotificação.
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