Por O Povo, em 17 de junho de 2022
Um grupo de entidades do Movimento Indígena do Ceará ameaça boicotar a décima edição do Jogos dos Povos Indígenas do Estado, prevista para o próximo mês, por discordar da escolha da Organização Social selecionada para promover o torneio. A seleção, organizada pela Secretaria de Esporte e Juventude do Ceará (Sejuv), foi realizada por meio de chamamento público. A Federação de Triathon do Estado do Ceará (Fetriece), que já havia realizado a competição em 2019, edição mais recente, antes da pandemia, foi novamente a vencedora do certame.
Foto: Ascom/Sevuj
O resultado, divulgado na última terça-feira, 14, gerou contestação imediata dos grupos representativos dos povos originários cearenses. Em nota conjunta divulgada nas redes sociais, as entidades defendem que a Fetriece seja destituída da organização dos Jogos deste ano, alegando que a instituição teria cometido uma sucessão de falhas na última edição do evento.
"A referida entidade ocasionou um conjunto de problemas, não possuindo nenhuma habilidade e disposição de diálogos para uma condução harmônica dos Jogos naquela edição", diz trecho do comunicado. Sem detalhar quais teriam sido os problemas, o texto acrescenta que todas as ocorrências já foram devidamente informadas à Sejuv.
A nota ainda ressalta que, embora a instituição tenha se adequado aos critérios do edital de chamamento público, "é necessário que se leve em consideração as experiências anteriores" como indicadores de capacidade de execução. O texto também critica suposta falta de diálogo entre a Sejuv e as delegações indígenas que tradicionalmente participam da competição.
Procurada pelo O POVO, a Sejuv argumentou que a escolha da entidade organizadora da décima edição dos Jogos dos Povos Indígenas do Ceará foi realizada em estrita observância aos critérios exigidos pela legislação federal e estadual e obedecendo aos princípios constitucionais da administração pública.
A Sejuv ainda afirma que realiza um "amplo e permanente" diálogo com as entidades representativas dos povos indígenas desde o momento em que as discussões sobre a edição deste ano da competição foram iniciadas. As conversas, de acordo com a pasta, ocorrem de forma presencial e virtual.
Em nota enviada ao O POVO, a Fetriece negou que tenha havido irregularidades na organização da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas, em 2019. De acordo com a entidade, houve prestação de contas de todos os recursos recebidos e gastos para a realização do torneio. "Ao final da parceria, não restou qualquer pendência com a administração pública ou órgãos de controle", diz trecho do comunicado.
Federação também ressalta que, assim como na edição anterior, todas as etapas do chamamento público divulgado pela Sejuv neste ano transcorreram em estrita conformidade com as regras e ditames legais preestabelecidos. A entidade também afirma estar à disposição para dialogar com os movimentos e lideranças indígenas envolvidos na defesa das comunidades e povos originários do Ceará.
Mais informações em: https://www.opovo.com.br/noticias/ceara/2022/06/17/39-entidades-ameacam-boicote-aos-jogos-indigenas-do-ceara.html
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